Prefácio

São tantas mulheres, tantas fases da vida, tantas percepções,
e sabe-se lá quantos desafios. Rosália fala por elas, exprime o
encanto feminino que cada um tem dentro de si. Se as rosas
não falam, os seios contam suas histórias serenamente. São
histórias das descobertas do mundo, dos prazeres da carne e
da alma, e também dos horrores que nos atordoam. É através
das personagens vividas por Rosália que viajamos pela
linha tênue que separa o mundo real do imaginário, do que
enxergamos em nós mesmos e do que é percebido pelos outros.
São muitos exemplos, e às vezes me passa a sensação de
que já fomos assim um dia, ou um dia seremos como elas...
Tomara que sim.
Uma dessas mulheres – forte, porém pouco confiante em si
mesma – decide ter um bebê (aposto que foi cesárea) e acha
que o leite é pouco; queria dar mais para seu bebê. Com o
passar do tempo, descobre o equilíbrio da sua própria vida.
Outra se decepciona com os seios murchinhos após a amamentação
e pensa em restaurar a autoestima com uma cirurgia
estética. É, nesse caso, não há análise que dê jeito; é
bisturi mesmo.
É incrível ver o poder de transformação que as próteses de
silicone exercem em algumas mulheres. Até parece que uma
dose de superpoderes vem junto com a nova modelagem dos
seios: aperta aqui, estica lá e surge uma nova mulher – ou seria
você mesma? E o poder dos médicos? Santos ou loucos,
poetas ou bárbaros, seja lá o que forem, são sábios, mágicos
e merecem nosso respeito.

Um dia fui a Nova York, tinha 12 anos. É maravilhoso ter
a lembrança dos bons momentos que vivemos e como isso
nos modela e nos torna resilientes. Na vida, sempre fazemos
opções. O tempo todo decidimos como ver cada situação,
por que nos envolver em alguns embaraços e como sair deles.
Creio que Nova York exerce um encanto em quem visita
a cidade, e também encanta Rosália em seus livros. Neste,
uma mulher madura acorda com vontade de ir a Nova York,
acessa a internet, e descobre nas lembranças a linda cinderela
que guarda dentro de si.
Ela brinca, revive experiências do passado, transforma a dor
em poesia. A vida inteira passa nos minutos que antecedem
o primeiro corte de bisturi. É incrível sentir sua percepção
do mundo, das reações das pessoas. A força de dentro de
si própria vem com tudo nesse novo livro da Rosália, que
exibe as metamorfoses da mente que antecederam aquelas
do corpo. O fantasma do câncer na família gera ansiedades,
medos, fugas e novos desafios. A era genômica trouxe a possibilidade
do exame de DNA. O teste, quando não é bem
explicado, pode vir como uma sentença, um carma. As expectativas
de um resultado positivo têm de ser trabalhadas
com cuidado, com tempo, e com especialistas.
Me pergunto muitas vezes, como num exercício diário, o
que faz uma mulher retirar os seios preventivamente. Seria
uma opção da vida moderna, que traz o “corre-corre” do dia
a dia, para resolver o problema objetivamente? Como abrir
um espaço na concorrida agenda já que “não tenho tempo
a perder”? Seria uma mistura de amadurecimento e medo,
resultantes da “cancerofobia” ou da ciência de um risco ge9
nético que aumenta as chances de ter câncer de mama em
vinte vezes? Ou seria uma decisão do médico ou da família,
que lavam da mente a vontade ou a capacidade de reagir?
Os motivos podem ser vários, mas o fato é que todas buscam
um recomeço, um dia de amanhã, o fim de um ciclo. E
o que leva uma mulher a optar por deixar seus “peitinhos”
ali quietinhos? Acreditar num ato de fé, que a força interior
pode mudar o destino, que a medicina avançou suficientemente
no diagnóstico e no tratamento precoce, que está
fora das estatísticas, ou simplesmente que a hora ainda não
chegou. Todas estão certas, cada uma tem suas razões. O
importante é o amparo dos amigos, da família, dos médicos,
e o aconselhamento genético. A saúde vale muito, a vida vale
mais, a felicidade... Ah, essa nem se fala.
No final, o resultado: mamas novinhas em folha, e certo alívio.
Vêm os olhares críticos de estranheza e a pergunta “será
que são minhas?”. Claro que sim, você comprou, ou melhor,
o convênio pagou. Não importa, os dias continuam nascendo,
um após o outro, e os seios de Rosália ainda terão muita
história para nos contar.

José Cláudio Casali da Rocha


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2 comentários:

  1. poetico e intrigante
    amanhã 5 f vou assistir sem falta
    bjsssssssss Rosane Chonchol

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  2. Olá ,Rosane, agora que vi seu cmentário.Obrigada.No face não entendi o que escreveu.Ei adorei todas as suas perguntas e o seu interesse.BJssssssssssssRosália MIlsztajn

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